quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Vertente


Para Wesley Faria


Contratos são assassinados todos os dias
E ninguém se lembra de chorar
O contrato te maltrata,
É melhor por seu nome em outro lugar

Moço, uma hora você vai ter que aceitar
Ou pelo menos gargalhar!
O caso é que, você, não usa terno pra casar
E nem pra se empregar.

Alvoroço, eu sei, eu sempre sei
Quer dizer, eu sempre digo que sei
Vai ser sempre difícil,
Qualquer novo dia vai ser sempre um míssil
Qualquer hierarquia vai ser uma covardia
Uma grande covardia pra você, moço
Que é tão irreversível

E é tão inadmissível
Até mesmo para seus próprios mísseis
Imagina para as missas?
E imagine então para as massas?
É tão inadmissível, moço
Que só pode se demitir de seus cargos e encargos
Antes mesmo que eles se ofereçam a você

Moço, uma hora você vai ter que bocejar
Na frente de tanta gente que toma guaraná
Porque o caso é que você pode desrespeitar
Tudo que te diz respeito;
É seu direito.

Mas, moço, não deixa de comemorar
O fato de que ninguém nem sonhou em concordar
Com o tom do seu bom dia, com a cor da sua alegria
Com o seu jeito de não ligar pra postura,
E com o cansar da sua ternura

Comemora, moço
Por abrir caminho sem maquinário e sem facão
Do seu lado pode não ter corrimão,
Lá em cima pode até ter trovão
Quando cansar, comemora
Lá na frente o seu pai mostra a solução
Olha pra baixo, que esse é seu chão


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