quarta-feira, 8 de junho de 2011

Poema Sem Sentido





Com Gabriel Carelli



Tentei pensar, mas esqueci
Tentei lembrar, mas lhe perdi
Tentei forçar, não consegui
Voltei a tentar, e me excedi

E é isso que falta, pra eu dormir
É isso que falta para conseguir
Achar a resposta desta questão
E mesmo estando com tudo na mão
Resta sempre aquele espaço vazio

Como melodia, ou som, que provoca arrepio
Toma meu corpo, penetra na alma, e esboça na boca
Minha voz chega a ficar rouca
E descaradamente, até disso você ri

Sem dar a resposta que eu te pedi
Resposta da qual, não sei a pergunta
Nem lembro sequer o motivo da dúvida
Tentei lembrar, mas me perdi

E nessa volta de questões eu vi
Não há pergunta, não há resposta
Só há memória, e acho que basta
Pra querer de perto sentir

Para querer de longe ouvir
Teu corpo quente é meu desejo
E é quando eu vejo a noite surgir
Que fica mais claro meu anseio

De ter você, em forma de beijo,
E passar a noite neste devaneio
E ir até esquecendo de terminar o poema
Esse que antes não tinha nem tema

Mesmo que isso não fosse problema
Só mais duas frases para acabar com o dilema
Deixa, a gente resolve tudo de perto
Mesmo que isso não seja correto




Quem disse?




Ouvi dizer, desdizer 
Mentir, desmentir
Voluntariamente me faço entendido
Sem deixar perceber minha distração
Eu falo com certeza

Com a certeza de que vou voltar atrás
E quando falo sem certeza
Sem preocupação o faço
No laço e no traço
Apago e escrevo por cima

A folha eu amasso
Falo que não falei, para não falar que faço
No ato sem tato 
O contato entre uma colocação e outra

E falo com certeza
É falha a minha clareza
Logo escurece
Minha prece se esquece que aquece

Aquele um ou aquele outro
Que ferve a cuca para não ser precipitado
Revezando e rezando com todo cuidado
A negação nossa de cada dia

Se encontra entre as brechas
De uma contradição e outra
O orgulho de não assumir no ato
Um rato no prato

Que o seu dizer te contradiz
Que o teu dizer se contradiz
Se encontra quando diz
Chamariz, flor-de-lis, do palhaço o nariz


Caminho




Há quem se perca por tão pouco
Parece até que vale a pena
Deixar o sonho ali deitado
E até olhar pra ele com cuidado

Deixar o sonho com cuidado
Parece até que vale a pena
Mas há quem se perca por muito
E até olha pra si com descaso

Deixar o sonho por descaso
E até fingir que foi bem planejado
Parece até que vale a pena
Arrumar desculpa pra derrota

Há quem se derrote por tão pouco
E mesmo sabendo que nem vale a pena
Deixa de lado o que foi planejado
E faz parecer que é de bom grado

Mas há quem não tenha desistido
Quem passou do meio do caminho
E até olhou pra cima com cuidado
Agradecendo a Deus por ter sonhado

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Pode confiar!



Confiar…?
Um dos maiores – para não dizer o maior – dos problemas nos relacionamentos humanos é a tal da confiança. Problema que caminha lado a lado com a tal da mentira. É tão simples de se enxergar isso, que basta perguntar à um casal de namorados se um confia no outro. Certamente eles responderão que sim, com um sorriso amarelo no rosto. É mentira, não confiam. Viu, lado a lado.
Não é de se espantar, se pararmos para pensar. Para fazer uma boa referencia, vou usar como exemplo o ser mais confiável que, para mim, existe: Deus. E nem mesmo nEle confiamos.
Quando tudo está bem, você está pelo menos parcialmente satisfeito com o seu emprego, tem bons amigos, tem uma boa proporção de lazer, trabalho e família em sua vida, certamente gritará ao mundo inteiro o quanto a sua vida é boa graças à confiança. Confiança em Deus, confiança na estabilidade, confiança no parceiro.
Acontece que quando as coisas andam bem, não temos muito com o que nos preocupar. Mas basta um cascalho no seu caminho, nem precisa ser uma pedra, mas se esse cascalho te fura o pé, estranhamente tudo se volta contra você. Suas crenças se enfraquecem, seu emprego vira uma chatisse, sobra mês no fim do salário e aquele (a) cretino (a) deve tá te traindo.
Como é que uma coisa que só fez parte da sua vida por alguns instantes, apenas um cascalhinho, pôde te revelar o quanto o mundo conspira contra você?
E Deus, cadê Deus?
Com toda certeza eu te afirmo que ele está no mesmo lugar. Mas e a confiança, cadê a confiança? Bom, quanto à isso já não tenho tanta certeza.
O ser humano tem muita dificuldade de conhecer a si próprio, e não é para menos. Somos complexos, temperamentais, mudamos de idéia, aprendemos, erramos, acertamos, mudamos de idéia de novo, cansamos… Muita coisa acontece na nossa vida, que nos faz perceber que em cada situação nós somos um. E, ao mesmo tempo, somos os mesmos, a vida toda.
Essa dificuldade de se conhecer nos leva a achar ainda mais dificil conhecer o outro. Isso porque no fundo no fundo a gente sempre se acha o máximo. Então se eu, que sou o máximo, sou esse turbilhão de mudanças constantes, imagina o outro? E esse pensamento é coerente. Pode-se esperar do outro tudo que se espera de você mesmo. E é aí que entra a tal desconfiança. O fato de você reconhecer, mesmo que no seu subconsciente, de que você é um ser humano, errante, falho e pecador, já te basta para olhar para o outro com esses mesmos olhos e supor que por serem semelhantes, suas atitudes podem ser as mesmas diante de algumas circunstancias.
Voltando lá no Éden, quando tudo era perfeito e não existia celulite, nós podemos observar talvez a primeira falha de confiança do homem. Adão e Eva confiavam plenamente em Deus, certamente. Mas o ser humano é falho, e curioso. E a curiosidade vem, muitas das vezes, acompanhada pela ingenuidade. Eva confiava em Deus, sim. Mas confiou também na serpente. E se decepcionou. E hoje em dia – e vale dizer que eu não apoio isso – a mulherada usa sapatos, bolsas e cintos com pele de cobra.
A ingenuidade de Eva a levou ao pecado, a levou à desobediencia. Ingenuidade essa que a fez crer que a mordidinha básica que ela deu no fruto proibido ia passar despercebido aos olhos de Deus, o Todo Poderoso. Deu mole né…
O ser humano, acredito, trai a confiança de alguém pela mesma ingenuidade de Eva: achar que não será descoberto. Mas Ele já disse que “… nada há encoberto que não haja de ser descoberto; nem oculto, que não haja de ser sabido”.
E também não foi Ele que disse que “Maldito o homem que confia no homem”? E, como o de costume, dia após dia a gente percebe que Ele tá sempre certo.
A nossa falta de confiança no homem é totalmente explicável, entendível, e até mesmo saudável. Mas como explicar a nossa falta de confiança em Deus? Porque, até onde eu sei, toda fonte de sofrimento e dor que temos atualmente, provém do homem, e tudo que nos conforta provém de Deus. O que Ele te fez para que você não confie? Pode pensar até o fim da sua vida, e não vai encontrar resposta. Simplesmente não confiamos porque somos humanos. E mesmo Jesus, na condição de ser humano, sendo crucificado, clamou à Deus se sentindo abandonado. E, felizmente, Deus tem misericordia de todos os seus filhos.
Mas você não é Deus. E você fica indignada (o) de ver que seu (a) parceiro (a) não confia em você, que é o máximo, e fica indignada (o) de perceber que não pode confiar nele (a) plenamente, que é um (a) bocó. Como lidar com isso?
Bom, se você não pode confiar no (a) seu (a) parceiro (a), entregue sua confiança à Deus, porque Ele sim é digno de toda confiança, e Ele sabe como te orientar para que você aja de maneira que tudo de bom aconteça na sua vida. Lembrando que o fato de você não poder confiar no (a) seu (a) parceiro (a) e nem ele (a) em você, não significa que você é uma piriguete (ou um pirigueto) e ele (a) um galinha. Eu não confio em balança nenhuma que eu subo, porque eu sempre acho que ela rouba pra mais. Isso não faz da balança a culpada por eu estar longe de ter a silhueta da Gisele Bundchen. Não é porque você não confia em alguém, que essa pessoa vá te decepcionar. Talvez sim e talvez não.
Mas, pode levar fé que se você se decepcionou hoje com esse (a) idiota do (a) seu (a) namorado (a) que te traiu com aquela baranga (ou aquele barango) da faculdade, foi melhor pra você. Tudo que acontece na sua vida querida (o), é o melhor para você.
Ah, e nada de vingança heim meninas, já basta as cobras que viram sapato até hoje.

Mundo Googlelizado



Não é incrível como, hoje, só se passa por ignorante quem quer? É sim. Pense bem... Numa das suas conversas via MSN, quando alguém menciona um nome que você não conheça… Jean Claude Van Dame, por exemplo. Você poderia muito bem esmagar o orgulho e, humildemente dizer "Desculpe a ignorância, mas quem é esse?". Mas, não, meu caro, você não faz isso. Antes mesmo de dar tempo de pensar em Google, seus dedinhos já estão digitando www.google.com.br, seguido de "Quem é Jean Claude Van Dame" e, tão rápido quanto um raio, sua mão se joga para cima do indefeso mouse, e clica louca e desesperadamente em “Buscar”.
Ok. Não foi bom dar como exemplo nosso companheiro de filmes de domingo à noite. Até porque, se você não sabe quem é Jean Claude Van Dame, você provavelmente não sabe o que é Google e nem o que é mouse.
Desinteressa.
O fato é que a informação hoje chega tão rápida, que mal conseguimos acompanhar. Tem hora que isso é bom, tem hora que não. E outra: ninguém mais vai à Biblioteca Municipal para fazer pesquisas, tadinhos dos livros. Tadinha da tia da biblioteca, não faz mais “xiiiiu” com a mesma frequencia. Temos o mundo dentro do nosso quarto, ocupando menos de um quarto dele.
Para ilustrar o texto de hoje, vou contar a história que minha amiga Natália (que é a única pessoa que eu conheço que vai na Biblioteca Municipal, e vive pagando multa por atraso, diga-se de passagem) viveu um dia desses e veio me contar.
Ela tava no balcão do Mc Donald´s esperando seu lanche, quando se aproxima um menino de aproximadamente cinco anos de idade. Ao lado dele, tinha uma cesta cheia de maçãs e, do lado dela, uma estufa com aquelas tortinhas de maçã. A cesta, lógico, era decorativa, cheia de maçãs vermelhas, grandes e lindas.
O menino então chama a atendente e indaga, olhando seria e friamente nos olhos dela:
"Moça, essas maçãs são geneticamente modificadas?"
Hã?
Na idade dele eu nem sabia pronunciar "geneticamente"! Não sabia por que não precisava, né. Não tinha nenhuma Barbie da Genética, nem um Ken Agrotóxico.
Por que é que essa criança não tá brincando de pique-qualquer-coisa na rua? Trocaram o pique na rua, pelo nick no MSN e ficou tudo certo? Oh, o mundo informatizado cruel!
Eu fico imaginando - tendo pena, na verdade - como será a infância do meu filho, quando eu tiver um. Mais calor, com certeza, ele sentirá.
Barbie será coisa de colecionador. Brincadeira de rua, tema de livro nostálgico.
Triste. Eles nunca saberão o quanto é bom passar uma tarde correndo pra lá e pra cá…
E gente, McDonalds? Não vou nem falar no índice de obesidade… Mas “crescimento exponencial” define.
Mas, o Chaves resiste a tudo isso, inclusive à filosofia de horário aleatório do SBT. Legal né?

NOTAS:
- Resposta da atendente ao menino esperto: “Você vai ter que perguntar pro gerente...”
- Confissão: eu digitei o nome do Jean Claude no Google, para ver como se escrevia corretamente.