domingo, 13 de novembro de 2011

Empecilhos Empanados



Hoje eu ia fazer um poema
E esqueci
Ali entre a inspiração e o teclado
Eu perdi a atenção

Eu ia continuar um poema
Depois que saísse do banho
E ali entre o shampoo e a esponja
Lavei junto a memória

Mas esfriei a cabeça
E parece que alguém lá em cima
Percebendo minha peleja
Me mandou chuva, muita chuva

Agora sim, respirando melhor
Vou disparar a escrever
Gente, que escuro é esse?
Será que não paguei a conta?

E algo entre a chuva e o poste
Me apagou a vontade
Ou me acendeu a preguiça
Será que eu passei da conta?

O poste, o teclado, a chuva
A luz, a memória, o shampoo
Minha rotina tá me roubando poesia
Deve ser porque deixei na janela

Igual aquele bolo do desenho
Que fica ali pra esfriar
E vem o bicho e engole tudo
E se tá sem preço, é de graça

Eu perdi uma poesia
Enquanto me preparava pra ela
Me enfeitava e perfumava
Achando que gostasse da vaidade

Hoje eu ia escrever um poema
Mas será que o dicionário deixa
A gente ter certeza da dúvida
E duvidar da certeza?

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