sábado, 21 de abril de 2012

Janela

Deia Pereira e Fael Abranches 


Na entrada, o olho mágico só nos reporta
Já nela, a curva da Terra convida à investigar
Na campainha, só a nota que seu tom comporta
Já nela, a partitura avisa chegadas e lembra partidas
No tapete, pés esfregam a história que a sola porta
Já nela, pontes de lençóis amarrados e cabelos trançados 

Na moldura, o verniz alivia as margens da cela
Na tela, o rio corre para a teimosia do além
No pincel, a lingua se alfabetiza torta, em cores
Na vela, a chama treme entre a prece e o amém
Na escada, a boca da penitencia ria
No joelho, o ralado do perdão que mereceria

Na vidraça, a limitação do toque
No olhar, o drible do infinito
Nas prisões da mente penitenciária
O sol nasce fadado
A alumiar o mundo limitado
De quem ainda não amanheceu
Para perceber que a nossa casa
Se ilimita conforme a forma dos olhos

Não se calculam os lados do infinito
Nem cercam com muros os nossos gritos
Não se calculam os lados do infinito
Nem cercam com muros os nossos gritos
Não se fecham cercos a nossa matéria,
Somos e não sabemos beleza etérea,
A gente sente, e disfarça a vontade férrea
(E mente) pra manter a mente aérea.
Ser um só não é físico.

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