Meu prato hoje tá em pânico!
Chega a tropa industrializada
Contra meu soldado orgânico
Arroz, batata palha e salada.
Daqui eu vejo uma trincheira
De arroz branco bem refinado,
Natália, a batata palha traiçoeira
Prepara armamento pesado.
Fuzis carboidráticos abastecidos
De gordura trans, homo e hetero.
Eu me pego tapando os ouvidos
E a batata atirou sem esmero…
Acertou o meu melhor quiabo!
As taiobas são bobas,
Mas ficaram revoltadas!
As acelgas, cegas de amor,
Estão desconsoladas!
As couves já chamaram o coveiro,
Elas estão refogadas!
As chiques chicórias com suas memórias,
Estão amarrotadas!
Até a ridícula rúcula,
Estava sensibilizada!
Quiabo, logo o quiabo…
Que abotoa os passos da dança
Entre a saliva e o seu escorregar…
Diabo, logo o quiabo?!
Que patina na panela fina
Na leveza de uma bailarina…
A tropa verde tava encasquetada,
E seguindo o conselho do nabo
(Inimigo nada bobo da batata),
Lançaram mão da graúda granada!
A batata quase perdeu a palha
O arroz não entendia mais nada!
No fim todos viraram migalha
Na boca de molares-navalha
Que gargalha a cada mastigada
E engole essa guerra salivada
Só pra não engolir seco
Só pra não engolir sapo
Se cai uma agulha
O palheiro é paliativo
Se acalma a gula
O cheiro vira crivo