segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
Um Lá do Lado
É parte essencial
E vital de seu contrário
O tudo não vive sem nada
A paz depende do ódio
Nada precisa de tudo
Ódio precisa de paz
O estranho apoia no comum
A crença vive de ceticismo
O cético vai ao catecismo
O pagão salva o beato
O preto tá cheio do branco
Tudo branco é preto de costas
O brilho deve tudo ao fosco
E João deve muito ao Bosco
Descalço quer comprar calçado
Pro cansado pisar a calçada
Sem casca a polpa não vinga
Sem mindinho a boca não xinga
É duro ter que ser macio
No rosto tem que ter maçã
Pecado dá em macieira
Pé de perdão é joelho
Dúvida tem que ter certeza
Claro de mão dada com breu
Toda noite tem dia
João também é Maria
A seca é irmã do enxarcado
Inferno é anexo do paraíso
Inverno com o verão faz dança
Com madeixa paralela se faz trança
O maleável é tão teimoso
Quanto o que tá entortado
E até o invés do avesso
Nasceu pra ser contrariado
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