sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

O Cão e o Poeta - O Faro e o Faria



Ali não deve morar gente
Tá tudo fechado, entortado, azulado
A casa é o que a gente sente
Parece chão encerado, quarto perfumado
Mas a casa domina a mente

O tato tenta convencer o sentido
O tempo venta pra dançar qualquer vestido
O teto cansado da sala foi removido
E vem o tímpano avisar o seu ouvido
É lá de fora que tá vindo esse latido

Ele tem sede e te encara de frente, é o cão
A casa assiste a cena bonita de se ver
Por fora o poeta do avesso, em terna oração
Aposta que o interno da escada vai se dissolver
E o corrimão quer que a palma se ponha a correr

É o cão, o que tá lá fora é o cão
É o oco, o que tá lá dentro é o louco
É passado, o que tá do lado amassado
É recado, tudo que não foi conversado

Qual a raça do cão?
Qual a ração?
Tem raça não, só sede e fome
Presta atenção, apareceu um homem
Procuração, pra invadir a casa

Quem tem a chave e quem tem chuva?
Quem zela por esse cão que não é seu?
Francisco não tá mais são, ele já bebeu
Não sei quem são, Pedro errou na mão
Pedi a chave e ele só choveu

Que se faça o perdão
E que perdure o pão
O cão e o poeta
Fogem da linha reta 

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