sábado, 10 de março de 2012

Lençóis Esquecidos




Até o mar aberto fica à margem
Se ele se abrir na sua frente todo dia.
Vira mendigo, um pedinte, esquecido.
Já foi seu abrigo, seu ouvinte, falecido.

O sol se põe, lindo, todo dia
É nosso presente diariamente
Você nem pára pra aplaudir
Mais um mendigo a te pedir.

Corpos estão dispostos na sala,
Assistindo televisão
E pedindo um abraço urgente.
Você sai sem nem tomar a benção.
Viraram mendigos,
Seus pais e toda sua gente.

Você passa ali todo dia,
E o que era pra se fixar
Virou mendigo, quem diria!
O dia a dia tratou de apagar.

Não tem mais valor
Os versos se perdem, viram decoração
O sol vira calor e reclamação
A família? “Não pedir pra nascer, não!”
Ao som de mães de mãos juntas,
Entoando oração.

A poesia disposta todos os dias
Nos mesmos lugares daqui,
Só é percebida uma vez na vida
Por aquele que nunca passou ali.

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