sábado, 10 de março de 2012

Vinho, Lã, Violão



Deixou a blusa
Mas eu queria o peito;
Os braços, a mão.
E escorrega
Mas eu queria grudar,
Ao menos adesivar;
Abotoar.
Ficou o cheiro,
Mas eu queria o paladar,
A barba, o chapéu;
Abraçar.
Queria te fazer de blusa,
Ser fronha pro seu peito,
Seu tórax-travesseiro.
Deixou a blusa
E fez dela um laço, amuleto.
Fez dela a palma
Que me aquece a mão
Ao consentir uma oração.
Ela é minha benção da noite,
É meu espreguiçar da manhã,
É o meu ninar no escuro
Que procede o sonho estranho.
Ela é isso tudo,
E se eu não me engano
Era só um pano.

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