segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Bença, vó

Dona Imaculada

Nunca tive brinquedo de presente
Só passava, varria e limpava
Reclamasse, chinelada na gente
Num sabia se lavava ou chorava

Casei foi pra ter minha liberdade
Mal conhecia o tal do marido
Sorte, ele era todo bondade
Católico, alegre, não muito cumprido

Só me veio mesmo filha mulher
Criei todas bem na linha dura
Ninguém tratou delas feito qualquer
E nunca que faltou ternura

Só agora percebi que liberdade
É ser viúva numa casa vazia
Com remédio pra aumentar idade
E no domingo, três Ave Maria

Por ter medo de durmir sozinha
É que ficar velha é uma merda
Bem pior até que erva daninha
E a tal genética que a gente herda

Abre as portera da gordura
Antes eu era um esqueleto
Esses anos roubam formosura
Essa vida é mesmo um desacerto

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