Para Bruno, meu irmão, meu poeta, meu nenho, meu cúmplice |
Na teimosia de querer aproveitar
O silencio da madrugada calma
Fiz até prece pra procurar
Uma coisa que sustente a alma
Queria entender a razão estranha
Do cantar do galo no meio da noite
Mas que raios será que ele ganha
A essa hora com todo esse açoite?
E o gato que foge de casa
E vai lá pro asfalto miar
Se esse bicho nascesse com asa
Não demoraria a se endeusar
Por aqui cada um tem um jeito
Diferente de se enganar
Que será que leva o sujeito
A demorar tanto pra deitar?
Nessas coisas você já pensou
Madrugadas-luz na minha frente
Quantas vezes esse galo cantou
Enquanto você rangia a mente?
Uma caneca sob medida
Pra abrigar a santa cafeína
E essa guimba morre decidida
A deixar pra trás a nicotina
Essas coisas de vício carregam
Uma simplicidade em rimar
Nesse trago que um dia te negam
Ao dizer que querem te salvar
Dá saudade é daquele ninar
Escutar mesmo sem entender
Que se passa com a rainha do lar
Que não tem gostado de viver?
Ele aprende a decorar os livros
É isso Deus, que é dialogar?
E será que essa ovelha se livra
Desse vício de se alinhar?
Ela não lembra muito da escola
Mas aprendeu matéria importante
Quem só decora o livro se enrola
Na hora de amar seu semelhante
Entre briga e arrebatamento
Entorpecemo-nos de confusão
Registro o agradecimento
Por ter o braço de meu irmão
Irmão é casa de árvore no quintal
Pronde a gente corre e encontra abrigo
Quando quer nada além do normal
Só alguém que respire contigo
É beira da praia em baixa temporada
Onde a gente caminha tranquilo
O mar chama a areia de namorada
Mas a onda mantem seu sigilo
Saber que você tá por perto
E sempre poder pegar sua mão
Entender que nem sempre tá certo
Quem se vale apenas da razão
Poder exercer a breguice
De achar paz nesse seu dormir
E eu acho que eu nunca te disse
Mas você até costuma sorrir
Não preocupa com tua incerteza
Essa dúvida elogia a reflexão
Dizem até que o certo é a beleza
Que mora la dentro da televisão
Família é embriaguez maquiada
Uma coca-cola depois da cachaça
Pode tá com a cabeça arriada
Mas passeia de pé pela praça
E é bom que nem coca e cachaça
Deve ser por isso que eu insisto
Em brigar com qualquer ameaça
Que atrapalhe seu sono esquisito
Tem quatro lugares no sofá
Normalmente ficam três vazios
Quatro pessoas a se indagar
Pra que uma casa com tantos fios?
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