terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Amuada


Te abraço e peço baixinho     
Pra Deus passar para mim     
Toda tristeza ou desalinho    
Que teja te deixando assim   

Preocupação num tem que ter
Nem pense que isso me corrói
Me dói mais te ver sofrer
Do que sofrer o que te dói

É normal que eu entristeça
Quando eu te vejo emudecer
E num me entra na cabeça
Porque isso, logo com você?

Você, que dá bom dia pro canarinho
Mesmo que chova e ele cante menos
Ainda que ele avoe pra longe do ninho
Você, que enche as árvores de nomes

E parece que morre um bucadinho
A cada galho que o moço poda
Errado é o fio que cruza o caminho
Energia elétrica que nos acomoda

Você, que me ensina que perdoar
Não é opção, e sim coração
E que a paz só irá perpetuar
Se nos amarmos acima do não

Você conhece tão bem o ser humano
Que parece que deixou de ser um
Te achar divina pode parecer insano
Não te cabe a nossa sujeira e dano

Não te cabe ganancia, nem furia
Quem dirá ódio ou indiferença
A você coube a eterna doçura
E na hora de durmir, a bença

Você se deixou pra trás, sozinha
Cuidou de todo mundo primeiro
Orou, vendeu fiado, arrumou cozinha
Deu abraço, não abriu o berreiro

E agora chega sempre amuada
Me beija a cabeça sem sorrir
Parece que não vê jeito em nada
Alivia a angústia ao dormir

Passa pra mim, Pai
Isso que rouba sorriso dela
Deixa pra ela a vida e a paz
Ela doa amor, faz voltar pra ela

Você é anjo que dispensou asa
E não grita pra pedir socorro
Já já vai ser nossa aquela casa
Com quintal, árvore, e um cachorro

Nenhum comentário:

Postar um comentário