Nem parece filha minha!”
Mas mãe, cê tava lá na hora do parto
Não sei o que cê tanto me apurrinha
Se o guarda-roupa explodir
O máximo que vai acontecer
É o chão do quarto colorir
E desse mal eu num hei de morrer
Pra que é que eu vou fazer a cama
Se logo mais a noite, vou ter de desfazer?
Já não basta as vezes que a gente ama
Sabendo que mais tarde vai aborrecer?
As definições de lugares das coisas
Não são agradáveis à todo mundo
Fosse o contrário, nossas mariposas
Nunca sairiam do casulo moribundo
Tem espaço de sobra nessa Terra
Mas a gente não acerta em dividir
É por isso que a porta emperra
Já te falei pra não por tapete aí
A toalha molhada na cama
A roupa toda samiada no chão
Não sei que tanto você reclama
Se isso não fere nem meu irmão
Ele sim talvez reclamaria
Dessas quatro paredes caóticas
Ele abstrai e entende da entropia
Das minhas moradas apoteóticas
A bagunça tá no olho estranho
Para quem é de casa, tá tudo no lugar
Você acha que eu me emaranho
E diz que eu preciso me organizar
Mãe, entenda uma coisa, eu te peço
A bandeira da nossa pátria definiu
Precisa ter ordem pra ter progresso
Então, se for assim, puta que pariu…
Se organizam enquanto nos explodem
E dão até prêmio pra quem perdoa
Como é que eu vou achar que ordem
Vai me servir como coisa boa?
Larga mão de ser pentelha
A vida é mesmo desarrumada
Para de falar na minha orelha
Dá cá um bejo, ô sua enjoada!
Nenhum comentário:
Postar um comentário