domingo, 1 de janeiro de 2012

Dois Lugares

Para Thiago El Niño
As águas aqueciam e a mãe sentia
A temperatura de fato se elevou
Sabia que um fenômeno aconteceria
Corre pro leito que a bolsa estourou!

Chegou alterando o clima do lugar
A pele de rostos, tão secos e rachados
Já sentia o cheiro da água a se achegar
O céu era um par de olhos lacrimejados

Era o parto de um fenômeno, de fato
Mas, de olhar pra ele, ninguém dizia
Via apenas o mais comum formato
De um menino que a vó já benzia

E durante toda sua vida ele andou
Mudou de direção sempre que quis
E não teve um olho que num arregalou
Vendo o viajante incógnito, porte de juiz

E não teve um coração que não o abrigou
Já logo na primeira prosa na mesa de bar
E curiosamente o povo todo o apelidou
Com o mesmo apelido, em tudo que é lugar

Num primeiro instante é natural estremecer
Sua presença se equilibra de forma corriqueira
A alguns ele pode transbordar de tanto encher
A outros ele entrega a estiagem e sua poeira

As moças alegram com simples chuviscar
Guardam na memória como fosse um elixir
Não demora que o tempo passe a anuviar
No caso de temporal, elas costumam fugir

Tem companheiros letrados em clima
Barraco forte que guenta chuva de vento
Plantação que nem na seca desanima
Vidas tectônicas em deslocamento

Manifestação sujeita à ação de sentidos
Simplicidade que aponta direcionamento
Até a lua e o sol dançam aborrecidos
Se algo esmorecer seu firmamento

Tenta controlar sua própria urgência
Esse formigamento que parece não passar
Mesmo que por dentro sofra turbulência
Se molda pra ser perfeito abrigo, um sofá


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