terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Atrasado

Com Gabriel Carelli

Paro há tempos, vejo o tempo
Tempo de sorrir, tempo de amar
Tempo, seja de ir ou vir
Tem hora que a hora nem parece tempo
E tem tempo que não quer me ver rir
Sorrir, sentir…
Há tempos que o tempo me entristece
Sentada, praticamente parada
Há tempos que o tempo emburrece
O tempo todo, meu tempo padece
E seja com álcool, seja com fumo
Eu sempre me aprumo, e nada acontece
E o tempo todo, a gente se esquece
Que o tempo da gente, a gente que tece
E o tecido da vida, se transforma, envelhece
E há quem diga até que rejuvenesce
Se você seguir direito o "modo de uso"
Mudando de hora, mudando de fuso
Viver no tempo que você quiser
E você, que fez o ontem
Nada pode dizer do amanhã
Falar de heróis, ou de filosofias vãs
Cada um ao seu tempo, o que te apetece
Dá até dó do tal tempo, até parece
Quando declaram que ele resolve tudo
O tempo dá um tempo, dá de ombros
Vira e desaparece
Ensina que o dono dos seus problemas
Não é o ponteiro do relógio
Que nada se resolve entre o bater das horas
Que nada se resolve nesse estágio
E a hora se torna eterna senhora
Se torna desculpa pros acomodados
Aconchego pros desanimados
Lição pros desesperados
Um chamado pros mais distantes
Uma saudade do velho amante
Hoje é tempo de ver o tempo
Num poema que se finda numa folha

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